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Apesar do Brasil ser reconhecido pela McGraw Hill Construction como o país de maior crescimento na implantação e utilização do BIMBuilding information Modeling ou Modelo de Informação na Construção, nos últimos anos o processo de implantação das empresas brasileiras de AEC – Arquitetura, Engenharia e Construção, sofre um efeito informalmente chamado de “Tostines” (!!!), o famoso comercial de TV que possuía o slogan: “Tostines é fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é fresquinho?” – veja o comercial aqui <<<

Não estou enganado com a brincadeira feita, mas sim criando uma analogia sobre muitos problemas que atrapalham um maior avanço da cultura BIM no Brasil com o retardamento na tomada de decisão pela implantação do processo de trabalho BIM nas empresas de AEC, em razão da seguinte situação:

“Muitas empresas de AEC não implementam o BIM porque os clientes/owners não solicitam a entrega de projetos com BIM, e não temos projetos desenvolvidos em BIM porque os clientes/owners não solicitam”

Mas os problemas causados pelo chamado “Efeito Tostines” desencadeiam outras consequências preocupantes dentro da cadeia de fornecimento de projetos com BIM :

  1. Os fabricantes de materiais nacionais, os quais deveriam desenvolver o acervo eletrônico de seus catálogos em BIM (famílias ou BEM – Bim Elements), não investem no desenvolvimento desse acervo de catálogos, pois o mercado não demanda projetos com a aplicação da metodologia BIM;
  2. Muitos profissionais (estudantes, desenhistas, projetistas, engenheiros e arquitetos) não buscam a qualificação técnica sobre BIM – sejam em cursos de formação para atuarem como BIM Managers, Administradores, Consultores e profissionais qualificados nos diversos softwares existentes (Autodesk Revit, Archicad, Solibri, Bentley, etc), pois o mercado de AEC não contrata sob esse requisito mínimo de qualificação – afinal suas empresas não executam projetos internos com a obrigação de processos e softwares BIM;
  3. A grande maioria das empresas de AEC não possuem o pleno conhecimento sobre “O que é BIM ?”, onde muitas ainda possuem uma visão e pré-entendimento (errado) que BIM é um software e ao invés do correto, como o BIM sendo um processo de trabalho multidisciplinar para a utilização/distribuição de informação única e distribuída em todo o EPCM (Engineering, Procurement and Construction Management ou Engenharia, Suprimentos e Gerenciamento de Construção);
  4. A grande maioria dos owners/clientes contratantes de projetos/obras, solicitam BIM nos contratos de fornecimento de serviços (Engenharia, Suprimentos, Gerenciamento de Construção), sem o devido entendimento sobre a necessidade de uma regra de desenvolvimento e entrega do projeto em BIM, pautado por um BIM Mandate que estipule todas as premissas técnicas, institucionais e gerenciais onde seus prestadores de serviços deverão seguir o mesmo padrão de desenvolvimento e entrega, permitindo inclusive a plena troca de informação durante o desenvolvimento do contrato e garantindo assim a qualidade do projeto desenvolvido e entregue no “padrão BIM”;
  5. Com a baixa disseminação e interesse das empresas sobre os benefícios e retorno de investimento na utilizção do BIM, os consultores independentes, empresas de consultoria e revendas de softwares para BIM tendem a realizar poucos projetos de implantação e o amadurecimento de toda essa equipe de profissionais acaba sendo prejudicada por consequência em implantações ruins e com pouco retorno de investimento, causando a paralisação do processo BIM por não ficarem evidentes os beneficios do BIM no EPCM.

Mas com todos esses problemas causados diretamente ou indiretamente pelo “Efeito Tostines”, como contornar e reduzir esse ciclo negativo, que retarda a evolução do BIM no Brasil ? A resposta vem pautada de algumas orientações e ações realizadas junto aos clientes por minha empresa nos últimos anos :

  • Visualizar o BIM como um “projeto” ! As empresas necessitam designar profissionais experientes (planejamento, supervisores, etc) que possam acompanhar e elaborar cronogramas, responsabilidades e metas dessa implantação do BIM. Não visualizar o BIM apenas como sendo uma simples instalação de software 3D, já é um enorme avanço;
  • Contratar uma empresa especializada em Consultoria BIM e com histórico profissional de Arquitetura, Engenharia e Construção (como por exemplo a CADBIM) para que eles possam desenvolver e auxiliar no levantamento do workflow dos processos da sua empresa, sempre acompanhados de um profissional experiente e que possua visão sistemica sobre a troca de informações das disciplinas, fará com que os problemas que paralizam ou inviabilizam o uso do BIM nos projetos não ocorram;
  • Solicitar e utilizar o acervo de familias BIM das empresas de consultoria ! Essa utilização de acervo existente tem que ocasionar uma verificação técnica sobre os catálogos, normas e dimensionais das familias BIM por engenheiros e técnicos de materiais da empresa de consultoria ou equipe própria;
  • Envolver sua equipe técnica e gerencial nas reuniões e palestras BIM ! Quando houver o pleno entendimento da sua equipe envolvida (ou os principais gestores), o entendimento e formatação do processo de trabalho BIM será melhor executado e com maior envolvimento que o projeto aconteça com o BIM;
  • Decidir pela implantação corporativa do BIM em razão dos ganhos obtidos em projetos pilotos, e não apenas em razão das exigências contratuais do mercado. O “BIM” precisa trazer ganhos de qualidade, produtividade e lucratividade para sua empresa, pois se não houver esses ganhos na utilização da metodologia BIM, não justifica-se sua implantação;
  • Apoiar seus própria clientes/owners no entendimento sobre toda a dificuldade e importância no planejamento detalhado sobre o BIM e a necessidade de um padrão técnico (BIM Mandate) antes de licitar/contratar seus projetos em BIM;
  • Realizar palestras e reuniões apresentando aos seus clientes sobre os ganhos e benefícios da implantação do BIM. Quando fabricantes de materiais, empresas projetistas, arquitetos, gerenciadores e construtores comprovarem o retorno de investimento (ROI) sobre o BIM, irá desencadear o interesse de todo o ciclo dessas empresas envolvidas no EPCM.

Por último e não menos importante: Disseminar o conteúdo criado por profissionais que trabalham e sejam especialistas em BIM ! Não deixe de marcar os membros da sua equipe ou colegas de profissão nos textos, vídeos e projetos publicados na internet, e exatamente por isso tenho a expectativa que meu texto possa ser lido por centenas de profissionais e cause um impacto positivo pela busca de outros assuntos sobre a metodoligia BIM, seus softwares, casos de sucesso no Brasil e Mundo.

Tenho a plena certeza que enquanto houver da nossa parte as ações citadas anteriormente e a utilização correta e benéfica do BIM, o mercado brasileiro irá utilizar nosso sucesso como referência e aos poucos poderemos reduzir (ou eliminar) o tão nocivo “Efeito Tostines” que retarta um maior avanço da metodologia BIM nas empresas brasileiras.

Rodrigo Mioni | Diretor Executivo na CADBIM Consultoria e Projetos Integrados

rodrigo.mioni@cadbim.com.br | (11) 3853-6090

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